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ARIMATEA COÊLHO
Escritor, cronista e ocupante de cadeira
na Academia Vitoriense de Letras.
O escritor tem duas obras premiadas: “Comunhão dissoluta”, “A Manguda de flores”. Além de “Homem-chão” , A “Páscoa da esperança”, Girassol dos confins e “Vida e obra de Trajano Galvão”.
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
Poema do livro Cantilena de um Viajante:
CONSIDERAÇÕES DO VIAJANTE
Quarenta e quatro anos
Sozinho nesta (a)ventura
De carregar o peso
De tantas almas noturnas.
Quarenta e quatro anos
E nenhuma sabedoria
Para sentir-me seguro
De mim, nesta romaria.
Tudo foi tão reles,
Tudo foi tão pouco,
Tudo tão estranho,
E velozmente louco.
Neste em quem sou eu,
Em quem me reconheço.
Neste em quem me busco,
E em quem me entristeço,
E em quem me alegro,
E em quem me perco,
Nos seus desvios
E nos seus acertos.
Quarenta e quatro anos
Procurando-me como
Um cão perdido
Ao seu próprio dono...
Quarente e quatro anos,
Nem adulto, nem menino,
Nesta estrada, caminhando
Com os meus desatinos.
Romeiro de mim mesmo
Por este caminho, só ida,
Como quem anelasse
Por alguma coisa perdida.
Tantos anos para aprender
Que minha alma é boa
Como a alma pequenina
Daquele pássaro que voa...
Poemas do livro Girassóis dos Confins.
DOIS POEMAS DO SER QUE ANOITECE
Estou perdendo os meus olhos
de tantas paisagens nuas...
Os lábios que eram sonoros
aprenderam palavras duras,
aprenderam o áspero gesto
da canção-angústia, faca
ferindo o pão indigesto
da vida que nos é parca...
Estou prisioneiro desta Ilha
(como se fosse de mim mesmo)
a sonhar porto, farol, quilha
contra o nela estar presente
a solidão bastarda, o frio ermo
do homem, em si mesmo ausente
[...]
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ILHA
Esta cidade é dura
e suja: incita
o homem ao desespero
As ruas guardam
o forte odor de cravos
e desencontros vários
e tudo o que (nela)
dispersa o amor do amor
é simples ausência
do homem em si mesmo
*
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Página publicada em abril de 2021
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